12.9.07

OS PAIS APOSTÓLICOS (HERMAS)


NOME: Hermas (Final do séc. I e iníc. do II)


MINISTÉRIO: Roma


ESCRITOS: O Pastor


FATOS MARCANTES:



  • Contemporâneo de Clemente.

  • Escreveu sobre visões e parábolas.

  • Talvez tenha sido escravo.

  • Provavelmente era judeu.

Autor de "O Pastor", um livro escrito entre 88 e 97 d.C. em Patmos, perto de Éfeso. Padre da Igreja. Tal como o "Evangelho de Barnabé", este seu livro defendia, a nível formal, isto é, de linguagem - numa altura em que o aparato terminológico à disposição dos primeiros escritores cristãos era ainda insuficiente para expressar condignamente o Deus revelado por e em Jesus Cristo - a Unidade Divina, defendendo que o cristianismo era indubitavelmente uma religião monoteísta.


Segundo parece, Hermas escreveu "O Pastor", por volta da mesma ocasião em que João Evangelista estava a redigir seu evangelho, embora alguns historiadores defendam que este tenha sido escrito posteriormente. No entanto não há opiniões divergentes no que diz respeito ao fato de Hermas não ter conhecido nenhum dos quatro Evangelhos incluídos no Novo Testamento. Alguns acreditam que Hermas se inspirou no "Evangelho segundo os Hebreus".


O Pastor" foi aceito e profusamente usado pelos seguidores iniciais de Jesus, que consideravam Hermas como um profeta. Perto do final do século II d.C. ele era mesmo aceito como parte do Novo Testamento por Clemente de Alexandria; Orígenes também o aceitou como um livro sagrado e por isso foi incluído no fim do "Codex Sinaiticus", em uso nos meados do século IV d.C. Tertuliano aceitou-o no início, mas depois veio a repudia-lo quando se tornou Montanista.

Esta obra foi escrita em meados do segundo século por Hermas, entre 142 e 155 d.C.

Foi um dos escritos mais considerados da antiguidade cristã; por muito tempo, tida como inspirada, inclusive alguns a colocavam no Cânon do NT. As frequentes referências que se encontram dela em várias obras do período patrístico, demonstram a alta estima em que era tida. A obra era muito usada no cristianismo primitivo para instruir aqueles que acabavam de entrar na Igreja e queriam ser instruídos na piedade, como podemos comprovar no início do século IV no testemunho de Eusébio (HE, III,3:6).

Após larga difusão, especialmente, no Oriente, nas Igrejas gregas, inspirado para uns, apenas útil para todos e até mesmo recusado por outros, o Pastor foi, definitivamente, colocado entre os apócrifos após o Concílio Ecumênico de Hipona em 393, onde a Igreja definiu o catálogo bíblico.

Trata-se de uma obra longa, com 114 capítulos dispostos em 3 partes: 5 visões, 12 mandamentos e 10 Parábolas.

A preocupação central de Hermas não é doutrinário-dogmática, mas moral. Seu argumento principal é a necessidade de penitência indo ao encontro da misericórida divina. O leitor notará que o conceito de penitência, isto é, meios de santificação do homem, corresponde aos Sacramentos da Igreja. A Eclesiologia em Hermas, domina a idéia de que a Igreja é uma instituição necessária para a salvação. Quanto a Cristo, Hermas não emprega nenhuma vez, ao longo de sua obra, os termos Jesus Cristo, ou Logos. Chama-o de Salvador, Filho de Deus e Senhor. A Cristologia de Hermas suscitou dificuldades, pois segundo sua obra, há duas pessoas em Deus: Deus Pai e Deus-Espírito-Filho.

TRECHO DOS ESCRITOS ORIGINAIS:

Depois de quinze dias de jejum e muitas orações ao Senhor, foi-me revelado o sentido do texto. Estava escrito o seguinte: Hermas, teus filhos se revoltaram contra Deus, blasfemaram o Senhor, traíram seus pais com muita maldade e tiveram de ouvir o nome de traidores de seus pais. Sua traição de nada lhes aproveitou e ainda continuaram acrescentando aos seus pecados a impureza e as contaminações da maldade e, desse modo, suas iniqüidades chegaram ao máximo. Transmite essas palavras a todos os teus filhos e à tua esposa, que doravante deve ser como tua irmã. Ela não domina a língua com a qual pratica o mal, porém, ouvindo essas palavras ela a dominará e alcançará misericórdia. Depois que tiveres dado a conhecer essas palavras que o Senhor me ordenou revelar-te, todos os pecados passados serão perdoados a eles, bem como a todos os santos que pecaram até hoje, se fizerem penitência de todo o coração e se afastarem de seus corações as dúvidas. O Senhor jurou por sua glória e respeito de seus eleitos: se depois deste dia, fixado como limite, ainda se cometer um só pecado, eles não obterão a salvação, pois a penitência para os justos tem limite. Terminaram os dias de penitência para todos os santos. Contudo para os pagãos, a penitência pode ser feita até o último dia. Dize, portanto, aos chefes da Igreja que endireitem seus caminhos na justiça, a fim de receberem plenamente, com grande glória, o que lhes foi prometido. Perseverai portanto, vós que praticais a justiça, e não duvideis, para que o vosso caminho esteja com os santos anjos. Felizes sois vós que suportais a grande tribulação que se aproxima, e todos os que não renegarem a sua própria vida. Porque o Senhor jurou por seu Filho: aqueles que renegarem o seu Senhor, perderão sua própria vida, como também aqueles que estão dispostos a renegá-lo nos dias futuros. Quanto àqueles que o renegaram antes, o Senhor, em sua grande misericórdia, tornou-se propício para eles. (Cap 6 - Segunda Visão).


Fonte:

Wikipédia

Presbíteros.com

Imagem: Ícone antigo das visões das narrativas do Pastor de Hermas.

Nenhum comentário: