7.9.07

A Igreja na Palestina

Em paralelo às discussões sobre a existência ou não da figura histórica real de Jesus, o desenvolvimento inicial do movimento cristão é um tópico central para a compreensão exata de como um fenômeno religioso local, com origem em uma província menor do Império, pôde se transformar de maneira tão rápida em um movimento cultural verdadeiro, estabelecendo raízes no poder secular e se firmando como a única e maior religião do Ocidente por milênios.


A própria Igreja prega o início da expansão cristã como sendo de crucial importância, como crédito máximo de fé dos apóstolos à sua crença, ainda não divulgada - o pentescostes sempre foi considerado um marco para o movimento cristão. Contudo, o que sabemos de histórico, de factível e real sobre esse desenvolvimento inicial do cristianismo ?


Até o cristianismo tomar sua posição como religião oficial do Império, caímos em brumas. Originalmente, só dispúnhamos dos dados fornecidos pela própria Igreja sobre a expansão inicial da Igreja com os apóstolos e, mais precisamente, sob Paulo.


Inegavelmente, muito da Igreja foi definido e construído sob a tutela de Paulo. Contudo, o fato histórico em sí é bem diferente do retratado pelos escritos sinóticos, como veremos a seguir.


Uma abordagem documental e lógica sobre a figura de Paulo, assim como das primeiras expansões cristãs, é uma linha de pesquisa histórica relativamente recente, trazida à tona pelas pesquisas em torno do "Jesus Histórico". Muito ainda há a ser feito e pesquisado e, creio que seria mesmo imprudência tomarmos o assunto como plenamente definido e completo. Como veremos, algumas lacunas históricas necessitam (e chegam mesmo a clamar) por atenção. Documentos importantes ainda não sofreram o devido estudo metódico necessário para podermos considerá-los documentos históricos de fato, como a maioria dos evangelhos apócrifos - que têem seu número crescendo em quantidade alarmante e mesmo espantosa.


Nossa proposta de estudo é exatamente nos debruçarmos sobre esse período, onde a Igreja passou de religião a Poder, onde os mitos católicos ainda estavam sendo definidos, esse ponto crítico quando a Igreja passou de perseguida a perseguidora. O ponto exato onde uma religião menor, em frente a outras várias na cidade mais cosmopolita do Império, Roma, pode não só sobreviver e se firmar, mas ainda eliminar as suas demais concorrentes, se lançando ao estrelato de religião oficial do Império.


Como isso aconteceu ? Por que ? E, talvez, o principal, por quem ? Quem pode Ter usado o catolicismo incipiente como um movimento tão coeso e estruturado ? Quem deu forma a Igreja ? De certo, a figura de Jesus - mítica ou não - se apresenta nesse contexto, com menor importância, como motivador e não responsável pelo cristianismo.


Trecho do artigo "A Igreja Primitiva" de Marcelo Carreiro. - O autor deste blog não concorda nem compactua com o racionalismo propagado pelo autor do artigo acima em outras de suas publicações. Porém no tocante a historicidade do cristianismo, independente de "pontos de vistas", a contribuição é relevante.
NOTA: Imagem acima vista panorâmica de Jerusalém

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