12.9.07

Patrologia ou Patrística (Os Pais da Igreja)

O conceito de patrologia foi utilizado pela primeira vez pelo teólogo protestante João Gerhard (1637) como título de sua obra póstuma publicada com o título Patrologia sive de primitivae Ecclesiae Christianae Doctorum vita ac lucubrationibus (Patrologia ou vida e obras dos doutores da Igreja cristã primitiva), no sentido de estudos dos Padres do ponto de vista histórico e literário.

Patrologia trata necessariamente de um ramo da teologia, cujo núcleo essencial são dos Padres da Igreja e seus escritos no sentido eclesial, assim é a ciência que trata a literatura cristã antiga em todos os seus aspectos e com todos os métodos apropriados.

O termo técnico Patrística aplica-se à era dos Padres da Igreja, sua época e suas obras. Patrística é a publicação das obras dos santos Padres; a patrologia faz um estudo destas obras, a fim de identificar e meditar sobre a doutrina pregada e crida na Igreja primitiva.

O título cristão de "pai-padre" aplica-se aos homens que foram considerados pais espirituais dos cristãos. Foram homens que ouviram a pregação dos Apóstolos, foram seus discípulos, por eles instituídos Bispos da Igreja e guardavam de cabeça a doutrina apostólica. Após a morte dos santos apóstolos, eram considerados a única referência segura quanto à sã doutrina, tornando-se os novos Pais espirituais dos cristãos, não só pela pregação mas também porque através do batismo inseriam as pessoas na Igreja.

A Igreja antiga apartir do séc. IV restringiu o título de "Pai" somente aos bispos. No séc. V foi estendido também aos presbíteros (ex: são Jerônimo) e aos diáconos (ex: são Efrém, o Sírio). Até hoje em algumas línguas ainda se conserva o título de "pai-padre" para designar o sacerdote.

O título de "pai da Igreja" apresenta toda a rica figura paterna: o bispo como autêntico transmissor da sã doutrina, aquele que vela pela sucessão ininterrupta da fé desde os apóstolos bem como pela continuidade e unidade da fé na comunhão da Santa Igreja. A autoridade do pai da Igreja não torna individualmente inerrante em todos os pormenores - devendo ser fiel à Sagrada Escritura. (...)

A partir do séc. IV, os bispos que se destacaram particularmente na transmissão, na exposição e defesa da sã doutrina (ex.: os padres do concílio de Nicéia, 325 d.C.) receberam o título de "Padres da Igreja" ou "Santos Padres". A fé transmitida pelos santos padres gozava de imensa credibilidade e foi base para a teologia da Igreja.

Fonte: Texto baseado num artigo de Alessandro R. Lima sobre A Doutrina dos Santos Padres da Igreja.

2 comentários:

Mons. D. ++Fernão Gomes disse...

A palavra Padre deriva do latim de «Pater»; entra no português com o abrandamento do "t" em "d" e a consequente troca de posição do "r" devido à lei do menor esforço, assim temos "Padre". Com a apócope do "d"e do "r" chegamos
à palavra "Pae" que devido à pronuncia do "e" final como "i" foi legislado que passasse a grafar-se com "i".
Sendo que em latim "Pater/Patris" as derivadas conforme o contexto que encerram deram no Português origem a Paternal, Paterno, Patristica, etc.

Mons. D. ++Fernão Gomes disse...

Não é verdade que Roma alguma vez tenha afirmado:
- «A autoridade do pai da Igreja não torna o individualmente inerrante em todos os pormenores».
Me desculpe, mas acho isso uma insinuação torpe, a menos que se verifique desconhecimento sobre o conteúdo do Dogma da Infalibilidade Papal, que afirma ser o Bispo de Roma (vulgo Papa) "infalível" apenas quando fala «ex-catedra», isto é, quando define verdades de fé.
Quanto a mim, a necessidade da formulação deste Dogma deriva da do facto da Igreja de Roma se ter autonomizado da Igreja Una Santa Católica e Apostólica no ano de 1054. Tal "autonomia", ao inviablilizar os contactos fraternos com as restantes Igrejas Apostólicas pela prepotência, petulância e obstinação Romana durante quase 1000 anos, deu aso a que os Papas se considerem apenas eles os legítimos representantes e Vigários de Cristo na Terra, razão pela qual será descabido recorrer ao Patriarca Ecuménico de Constantinopla para convocar um Concílio Ecuménico sempre que tal se justificasse, à boa maneira do passado em que a Igreja eras verdadeiramente UNA, independentemente dos Bispos (Pais espirituais/chefes/gestores) designados como Patriarcas.
Infelizmente Roma continua insistindo na mesma tese, tendo ainda o actual Papa Bento XVI abdicado do Título de Patriarca do Ocidente uma vez que se auto-considera Universalmente acima de toda a Cristandade - Sumo Pontífice e Vigário de Cristo.
Papa, termo carinhoso italiano que os filhos chamam ao pai, que entrou no português como papá, e no Brasil como "papai". Assim, na Igreja é igiualmente e tão só, um nome de respeito e sobretudo carinhoso, que bem antes de Roma se chama também ao Patriarca de Alexandria, ao Metropolita Copta, e a todos os Padres na Russia (Popa=papa), e na Síria aos Bispos se chama "Mar" ou seja "pai".