8.9.07

Primeiro aos Judeus


A missão número 01 dos discípulos após a morte de Cristo era testemunhar Ele "em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra" (Atos 1.8). Cristo deu prioridade à proclamação aos judeus. Esta é a ordem seguida pela Igreja Primitiva.

O Evangelho foi primeiro proclamado em Jerusalém por Pedro no dia de Pentecostes; depois levado pelos cristãos judeus a outras cidades da Judéia e da Samaria. Desse modo, a igreja existiu dentro do judaísmo. O desenvolvimento do cristianismo e sua chegada a Antioquia é descrita por Lucas nos primeiros 12 capítulos de Atos.

Parece paradoxal que o principal centro de inimizade contra Cristo tenha sido a cidade onde a religião cristã começou. Mas esta é a realidade. Do ano 30 a aproximadamente 44, a igreja em Jerusalém manteve uma posição de liderança na comunidade cristã primitiva.

O crescimento foi rápido. Atos 4.4, diz que muitos eram acrescidos diariamente ao número de 3 mil até chegarem logo a 5 mil. Multidões de uma vez só aderiam (At 5.14). É interessante que muitos eram judeus helenistas (At 6.1). Houve também conversões de muitos sacerdotes (At 6.7).

Este rápido crescimento trouxe naturalmente grande oposição da parte dos judeus. As autoridades judaícas logo perceberam que o cristianismo representava uma ameaça e se reuniram para tentar combatê-lo. O Sinédrio logo entrou em ação com permissão romana. O Sinédrio era um organismo político-religioso que supervisionava a vida religiosa e civil do estado.

Pedro e João foram intimados duas vezes a comparecerem perante o Sinédrio e foram proibidos de pregar o Evangelho, mas eles se recusaram a cumprir esta ordem. Mais tarde Herodes tomou as rédeas da perseguição, matou Tiago e prendeu Pedro (At 12).

Esta perseguição deu ao cristianismo seu primeiro mártir, Estevão. Ele foi levado ao Sinédrio e julgado sob falso testemunho dos seus opositores. Corajosamente denunciou os judeus por sua rejeição de Cristo, foi apedrejado até a morte. Seu martírio foi um fato importante da expansão do cristianismo. Saulo - depois Paulo - estava no apedrejamento de Estevão. Possivelmente a pregação de Estevão antes da pena de morte plantou uma semente no coração de Saulo.

A perseguição foi a fórmula missioária de Deus para expandir a Igreja. (At 8.4).

A igreja judaica em Jerusalém logo perdeu seu lugar de líder do cristianismo para outras igrejas. A decisão tomada no Concílio em Jerusalém, de que os gentios não eram obrigados a obedecer a lei, abriu o caminho para a indepedência das igrejas gentílicas do controle judaico. Durante o cerco de Jerusalém em 70 por Tito, os membros da Igreja foram forçados a fugir para Pela, do outro lado do Jordão. Depois da destruição do templo e da fuga da Igreja judaica, Jerusalém deixou de ser vista como o centro do cristianismo.

A liderança espiritual da Igreja Cristã se centralizou em outras cidades, especialmente em Antioquia. Foi em Antioquia que o termo "cristão" pegou. Foi em Antioquia que Paulo começou seu ministério público ativo entre os gentios e foi daí que partiu para as suas viagens missionárias cujo objetivo final era chegar a Roma.

A Igreja em Antioquia era tão grande que foi capaz de socorrer as igrejas judaicas quando elas passaram fome. Ela foi o principal centro do cristianismo de 44-68 d.C.

A tarefa de levar o Evangelho aos gentios nos "confins" estava apenas começando. Começada por Paulo, esta tarefa continua até hoje como a missão inacabada da Igreja de Cristo.


Fonte: Texto adaptado de "O Cristianismo Através dos Séculos" Ed. Vida Nova.
Imagem: Ruínas de uma sinagoga em Cafarnaum

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